muito cedo percebeu que não lhe faltariam promessas nem desgraças.
amores escusos, rompantes estranhos, faziam parte do seu atestado pessoal para lidar com a cegueira dos outros. fingir que o que via não existia.
sua amadora existência gostava de olhar para o fundo das pessoas. quão rasas se tornavam se ao mexer forte, o fundo libertasse o que lhes restava de alma.
sua saudável loucura, de uma têmpera levada, deveu-se ao fato de alegarem seu nascimento.
então nasceu.
alheia, sem saber a quem [se] pertencia. talvez isto explique sua alternada visão sobre tempo.
revestida, pintou mais de um olhar seu muito preto. apreciava pés, mãos, pássaros e pincéis. estimulava sempre, que se demorasse mais o olhar sobre aquele seu inesperado e reluzente lado opaco.
talvez porque todo aquele que nasce com receio de brilhar, que bom uso fará?
nunca puniu suas manias: amou todas as quinquilharias desse vasto velho osso mundo.
sempre houve um algo mais que lhe traía.
e quando a desejavam muito, fingia e compreendia assim:
nada é tão mais absurdamente poderoso e apaixonante quanto a imaginação dos outros.
assim, ela conseguia ser apenas o que só ela entendia e tudo o que ninguém mais quereria.
Um comentário:
...E isto tudo me dá uma estranha sensação de saudade, de nostalgia e aquela impressão, forte e fugidia, de que existe uma familiaridade nesta estranheza!...
Abraços alados,e saudades, azuis e rosadas, caríssima amiga Val.
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