como se já não nos bastasse as cores frias
com que essa noite esdrúxula insiste em colorir jardins
(parcos sonhos)
ainda tenho que entregar-me a ti.
para o quê ?
devias ver o que vai dentro em mim.
sou cheia tanto quanto a garrafa tinta do vinho que me ofereces.
e o amabile rosso dessa noite serás tu
a me tentar,
convencer que teu amor incenso queima.
é para sempre.
pensa. pensa bem enquanto ferves.
porque as dobras na minha pele não são
tenras
uvas
nem frescas.
que o suor nesse risonho rosto que apelava ao fogo por um beijo teu
não te devassa mais.
ou pouco.
ou tão menos
que a vedete da esquina na televisão black and white,
é um apelo que o teu sexo não rejeita.
para quando vais resolver a aceitar
que o vento é o único senhor e dono da chama ?
quando o amor chega ao fim, meu caro
é o caso de desligar o som e explodir assoalhos.
é o caso de até,
chamar médico
pais-de-santo
e outros pasquins
até restabelecer a desordem roubada.
um coração não aguenta tanto quebra-quebra
não consigo entender o que você fala
pára de contar aos outros sobre o quanto me amou
com quantos carnavais tivemos fantasias e felicidade !
meu querido ex amado amor
escuta,
bate a porta - fecha tudo a cadeado...
não é feio gritar.
*publicado na trigésima leva da revista cultural Diversos Afins
(http://diversos-afins.blogspot.com/)
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