sábado, 15 de dezembro de 2007

Aparências





eu gosto muito da idéia de ajeitar palavra ao colo. uma espécie de manha. temo que nunca caiba onde pensei, seria seu lugar. eu sempre a imagino antes, muito antes. sou bem simples dependendo do ângulo. ando bem na complexidade com que me visto demorando horas em fio. sou exigente com as formas e não adianta: não aprecio nada oculto. não me dou bem com o que vive de olhar para trás. sacudo poeira porque gosto do pó que a gente deixa. sinal certo sempre de que algo desintegrou-se para bem longe de si. ouço cuidadosamente, cada noite, toda lua alta, até ao mar que nunca é sereno e acredito no sol que doura a pele. sei de pessoas labirintos... e elas me constrangem porque estão sempre procurando uma ou outra saída. me cansa aquele que não cultiva o hábito de calar e fica a repetir-se. sim, eu bajulo mesmo o verbo que eu amo amar. não é que não perdoe, mas desisto sem culpas de amor egoísta. também tenho minha carência, mas ela não se ajusta nem se acomoda pela poesia como se palavra fosse assim, fuga - escape. eu não me limito, mas quando escrevo, eu só escrevo. e o que escrevo ou como escrevo não tem receita não descreve amores perfeitos nem cita falas alheias. eu invento. assim, cada dia é mesmo único, pessoal e em movimento.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O Observador

















(de um lugar demasiado magro)

Nessa alma
estante alta
conforto
mil prateleiras
cem gavetas empoeiradas
dez recados desesperados
e outros tantos
poemas sujos.

Tudo o mais
é um pote
a parte.