Eis minha sentença todos os dias, por esta sua existência inesgotável...
Eu esquecera o livro sobre a mesa e jamais voltara para buscá-lo. Que ela enfim, lesse. Todos os versos estavam destinados a ela. Como essa tarde que me trouxe de volta...Esta é a rua. A casa dela é aquela, cujas janelas azuis estão sempre à disposição do vento - escancaradas. Sei que está em casa. Caminharia até lá se meus pés obedecessem. E o que lhe diria?
[o início de um diálogo inútil]
Boa tarde!
Como vem passando? [com um breve toque Machadiano, explorando memória]
Ah, eu estou muito bem!
Sobrevivo como o velho gato sem botas, lembra?
[não há fim para o desconforto das palavras num diálogo assim. Já provou?]
Conversa fiada! Eu nada diria. Nada diria. Deixaria que ela me surpreendesse.E sim, ela abriria a porta com aquele ar de quem fora interrompida: ia salvar o mundo.Sorriria, e então...Eu de novo a seus pés.
[a simple joke or my imagination? Can you help me?!]
Talvez me convidasse para um chá forte. Correria os olhos sobre mim e diria algo sobre meu aparente “olhar cansado”. Como se eu fosse sempre uma sua nova lição...E como ela gostava de aprender pessoas!Apaixonando-se por elas sem medo algum.E se não houvesse nenhum dia seguinte, sempre lhe bastava uma das suas imensas janelas azuis [falemos de alma aqui] escancarada,o seu velho piano de cauda que lhe prestava imensos serviços [deixava-se tocar sem perguntas] e a própria vida, encolhida para ser apenas simples [no curves no memories]. Mentalmente, fiz um mea culpa básico, dei meia volta e segui meu caminho.
[Não percebi(a) antes, essa aparente estrada nova.
Completamente asfaltada
Cheia de pessoas
Sem filas. ]
*publicado originalmente na Diversos Afins, Oitava Leva, Abril-2007*
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