"sempre apreciei os grupos. tão [des]protegidos, calados uns nos outros. imersos em devaneios sobre uma tal de união" (da série "Falas", Val Freitas)
da varanda aprecio o bordão do mar. há mesmo algum propósito na altura dessa sacada: mesmo longe, assisto ao ir e vir das ondas. agora sim, compreendo mais sobre o tal espasmo violento com que poetas sucumbem quando não sabem, quando não querem, quando não conseguem, escrever. minha vontade? abrir já todas as janelas dessa tal alma de poeta, se é que existe uma, aqui. por agora, quero ouvir melhor essas risadas que vêm de longe, já que é noite e a imensa praia é vazia. tenho lembranças amontoadas e algumas boas saudades certeiras. temor mesmo, eu tenho é de apagar-me com o tempo. tal qual um acento que lhe tiram o lugar ou uma letra velha que não encontrou palavra certa para abrigar[se]. por hora, ainda escrevo. permaneço aqui com meus olhos de passeio. mantendo sincronizada, mas nunca sob controle, a birutice dos tantos versos e textos [quando escrevo] e a mania de tamborilar com os dedos sobre a mesa - enquanto espero a próxima onda surgir lá, alta, e a cada vez, mais longe. eu não aprecio viagem longa, mas gosto de ausentar-me sim. e de ir embora. e sem que se perceba, saí.
[inexplicável é algo assim. horas que passam sem nenhuma estrela. nem Macabea que transita pela sala, deixa cair qualquer coisa. ela não era mesmo de muito assunto, pois não?]
10 comentários:
Feliz por estas curvas concretas estarem aqui ao nosso alcance.
E o texto embriagador, cheio de brisa leve da janela aberta ao mar.
Sucesso. Bjo, querida
5 de Setembro de 2007 09:32
Querida linda,
De curvas e concretos quadris fazemos uma outra vida, outro lugar onde palavras surgem assim como num àlbum repleto de lembranças. Entro aqui feliz por perceber que junto à qualidade de suas linhas está também a revelação de um processo criativo sensível.
Vida longa, querida Leveira! Vamos comemorar!!
Beijos Clariceanos!!!
5 de Setembro de 2007 09:46
Amada,
Precisamos celebrar este momento precioso nestas curvas que nos deixam zonzos de contentamento.
Vivavalzita!
5 de Setembro de 2007 15:17
entao, em profundidade, concretamente, vou procurando vaga uma hora aqui outra ali no vai e vem dos teus quadris. bj
5 de Setembro de 2007 20:13
vc sabe, eu adoro essas coisas que vc escreve, desse jeito, tão denso, inquieto e irreverente.
quero mais.
beijos!
9 de Setembro de 2007 05:36
Querida, sempre bom ter notícias suas+poesias suas. Abri o blog (como pude): prometeram botar a banda larga aqui nesta semana( problemas de arquitetura do prédio), por isto não pude ver com o devido carinho, nem tudo abriu. Mas gosto de sua auto-definição, gosto do que diz suave e agudamente sobre si mesma( e o mundo sensível em torno). De muito bom gosto tudo.
Beijo, ars
11 de Setembro de 2007 20:29
sim. fique
aqui. não abandone o antigo
perfume.
teu peito
seduz
(como o mar)
12 de Setembro de 2007 06:46
Do lado de cá, de um canto da ilha, espio e compartilho a viagem: entre curvas e retas, letras e linhas, alguns sentidos densos, que se desenham no escorrer do texto... Beijos!
12 de Setembro de 2007 13:16
Oi, oi. De cara, gostei daqui: adoro Clarice. Depois, gostei do seu texto. Limpo, às espera de "lembranças amontoadas, saudades certeiras". Em tempo: um comentário seu no Mário Coivara me trou xe ao seu blogue. Voltarei. Abraços. E sucesso!
13 de Setembro de 2007 02:08
Muito bom o blog qualidade na escrita e nas idéias. Contexto legal e bem escrito.
Muito bom !
Beijo e tô te linkando no meu blog.
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