eu gosto muito da idéia de ajeitar palavra ao colo. uma espécie de manha. temo que nunca caiba onde pensei, seria seu lugar. eu sempre a imagino antes, muito antes. sou bem simples dependendo do ângulo. ando bem na complexidade com que me visto demorando horas em fio. sou exigente com as formas e não adianta: não aprecio nada oculto. não me dou bem com o que vive de olhar para trás. sacudo poeira porque gosto do pó que a gente deixa. sinal certo sempre de que algo desintegrou-se para bem longe de si. ouço cuidadosamente, cada noite, toda lua alta, até ao mar que nunca é sereno e acredito no sol que doura a pele. sei de pessoas labirintos... e elas me constrangem porque estão sempre procurando uma ou outra saída. me cansa aquele que não cultiva o hábito de calar e fica a repetir-se. sim, eu bajulo mesmo o verbo que eu amo amar. não é que não perdoe, mas desisto sem culpas de amor egoísta. também tenho minha carência, mas ela não se ajusta nem se acomoda pela poesia como se palavra fosse assim, fuga - escape. eu não me limito, mas quando escrevo, eu só escrevo. e o que escrevo ou como escrevo não tem receita não descreve amores perfeitos nem cita falas alheias. eu invento. assim, cada dia é mesmo único, pessoal e em movimento.
sábado, 15 de dezembro de 2007
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
O Observador
sábado, 29 de setembro de 2007
telecinesia
"se eu te contar um segredo, vc guarda?
eu v ô o."
sim sim sim. eu quero esse destino engraçado. não, pode deixar. não me iludo com nada. apenas acredito fielmente nas minhas percepções. e viajo pensando em como deve ser chegar ao paraíso. não, não esse paraíso bíblico. definitivamente não este. me refiro aO paraíso de uns braços pra quando eu estiver muito, mas muito cansada. ou entediada. ou ainda aborrecida porque aquele bulbo de tulipa vindo de tão longe, não vingou.
sei não. sei sim. ando assim. modernamente frágil como articulam as circunstâncias e eletrizadamente apaixonada pelas nossas e pelas minhas causas que sempre serão metade um, metade outro [gostou?]. é que temo bater em algum fio de alta tensão. nua. não falo muito sobre isto. guardo segredos pra convencer esse mundo que não nos suporta muito bobo-feliz. é uma coisa ou outra. e eu, vc sabe, destino dizer que: ou é como eu quero ou jamais hão de ver. tá lá. vem vindo mais um pôr-de-sol e eu respeito hífens. ícones. tudo é modo para eu chegar até você s u s s u r r a n d o que na noite passada, eu voei de novo. desta vez, muito mais para o alto e sem colidir com nada, nada, nada.
como um beijo, arremessado às alturas.
sim sim sim. eu quero esse destino engraçado. não, pode deixar. não me iludo com nada. apenas acredito fielmente nas minhas percepções. e viajo pensando em como deve ser chegar ao paraíso. não, não esse paraíso bíblico. definitivamente não este. me refiro aO paraíso de uns braços pra quando eu estiver muito, mas muito cansada. ou entediada. ou ainda aborrecida porque aquele bulbo de tulipa vindo de tão longe, não vingou.
sei não. sei sim. ando assim. modernamente frágil como articulam as circunstâncias e eletrizadamente apaixonada pelas nossas e pelas minhas causas que sempre serão metade um, metade outro [gostou?]. é que temo bater em algum fio de alta tensão. nua. não falo muito sobre isto. guardo segredos pra convencer esse mundo que não nos suporta muito bobo-feliz. é uma coisa ou outra. e eu, vc sabe, destino dizer que: ou é como eu quero ou jamais hão de ver. tá lá. vem vindo mais um pôr-de-sol e eu respeito hífens. ícones. tudo é modo para eu chegar até você s u s s u r r a n d o que na noite passada, eu voei de novo. desta vez, muito mais para o alto e sem colidir com nada, nada, nada.
como um beijo, arremessado às alturas.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Admiração
eu acho é bonito e claro
quando começas a me contar
sobre as ranhuras
dos teus dias mais antigos.
parece que há
um pássaro daquele tempo
pousado sobre teu ombro.
e ele murmura gentilezas,
e lembra tuas primeiras fadigas
e teus sonhos mais gigantes.
quando começas a me contar
sobre as ranhuras
dos teus dias mais antigos.
parece que há
um pássaro daquele tempo
pousado sobre teu ombro.
e ele murmura gentilezas,
e lembra tuas primeiras fadigas
e teus sonhos mais gigantes.
te convence
até da beleza sísmica das avalanches.
que os movimentos bruscos,
mesmo que oscilantes
só são barulhentos
para dentro de uns.
e te garante ainda,
este mesmo teu pássaro,
da existência de um poço
de água muito clara,
límpida mesmo,
aonde sempre dá
de gente como nós
até da beleza sísmica das avalanches.
que os movimentos bruscos,
mesmo que oscilantes
só são barulhentos
para dentro de uns.
e te garante ainda,
este mesmo teu pássaro,
da existência de um poço
de água muito clara,
límpida mesmo,
aonde sempre dá
de gente como nós
afogar uma
ou outra mágoa forte.
e o infortúnio
que deve de ser
ter que esquecer,
quanto
já fomos
sinceramente
felizes.
e o infortúnio
que deve de ser
ter que esquecer,
quanto
já fomos
sinceramente
felizes.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Clarice
"sempre apreciei os grupos. tão [des]protegidos, calados uns nos outros. imersos em devaneios sobre uma tal de união" (da série "Falas", Val Freitas)
da varanda aprecio o bordão do mar. há mesmo algum propósito na altura dessa sacada: mesmo longe, assisto ao ir e vir das ondas. agora sim, compreendo mais sobre o tal espasmo violento com que poetas sucumbem quando não sabem, quando não querem, quando não conseguem, escrever. minha vontade? abrir já todas as janelas dessa tal alma de poeta, se é que existe uma, aqui. por agora, quero ouvir melhor essas risadas que vêm de longe, já que é noite e a imensa praia é vazia. tenho lembranças amontoadas e algumas boas saudades certeiras. temor mesmo, eu tenho é de apagar-me com o tempo. tal qual um acento que lhe tiram o lugar ou uma letra velha que não encontrou palavra certa para abrigar[se]. por hora, ainda escrevo. permaneço aqui com meus olhos de passeio. mantendo sincronizada, mas nunca sob controle, a birutice dos tantos versos e textos [quando escrevo] e a mania de tamborilar com os dedos sobre a mesa - enquanto espero a próxima onda surgir lá, alta, e a cada vez, mais longe. eu não aprecio viagem longa, mas gosto de ausentar-me sim. e de ir embora. e sem que se perceba, saí.
[inexplicável é algo assim. horas que passam sem nenhuma estrela. nem Macabea que transita pela sala, deixa cair qualquer coisa. ela não era mesmo de muito assunto, pois não?]
A Carta…e veio de Génova
sim, sim…
já caminhei embaraçado.
dias e dias.
uma hora eram as coisas do mundo.
em outra as minhas próprias.
egoísmo seguido de não,
resolvi ser apenas menos.
menos ânsia pela verdade,
menos cantos,
menos gavetas.
não.
ainda não sei de nada.
mas me considero inocente
e limpo
entre uma culpa e outra.
resolvi aceitar um dia de cada vez,
se é que me entende...
e desisti de conjecturar
sob a lente do impossível.
arrisco que nada será fácil.
mas ainda assim,
manterei aceso o que for preciso - a cada um passo, a sua vez.
v i s l u m b r e.
foi essa a palavra que recolhi
durante a caminhada até aqui
[porque para onde vou sempre haverá você.]
some a tudo isso
o que ainda não vi(vi)
e tereis um quadro.
[Génova é uma província italiana da região da Ligúria com cerca de 870. 553 habitantes, densidade de 473 hab/km². Está dividida em 67 comunidades, sendo a capital Génova. Faz fronteira a norte com Piemonte (província de Alexandria) e com Emília-Romanha (província de Piacenza e província de Parma), a este com a província da Spezia, a sul com o Mar Ligure e a oeste com a província de Savona.]
*publicado originalmente no site naselva, Maio de 2007*
Carta número setecentos e trinta e cinco
(The Princess Diaries, by Fabian Perez)
querido você.
para mim não há ninguém como você. tão deliciosamente afetuoso, fumegante e aquecido, tal qual chaleira de casa de avó. é sempre pra você que eu começo e termino um ou outro poema.
escrevo cartas que não mando [mas aviso que fiz]. encontro flores exóticas que sempre se parecerão com nossa viagem ao leste europeu.
pra você eu me derreto. viro floco de neve pertinho de forno à lenha. cochicho com o vento, me espalho por outras encostas, recordando assim, um ou outro dorso especialíssimo. pra você eu viro chocolate com calda. sou toda bombom e recheio as bordas de nossas tortas vidas com as minhas - com as tuas - guloseimas preferidas. eu sou eu e você é um. e o amor, quando esbarra na gente, é como todo caldo forte. e à parte, tudo nele é nosso. ligeiramente adornado para parecer manso. vivemos cheios das poses dessa gente de corpos exaustos, desejando-nos mais e mais. e se a tão falada farra sobre “incompreensão ou contenção do universo” virar tema de redação, matéria pra vestibular, a gente passa. passa a perna sem malandragem na mentira, na falta de habilidades de uns sem outros, na plasticidade falsa que percebemos na célebre frase “apenas um belo corpo”.
e entre outras tantas descobertas, seremos lembrados assim: eles nunca se cansaram um do outro.
beijo.
[e de qualquer forma, não me espere pra o jantar]
escrevo cartas que não mando [mas aviso que fiz]. encontro flores exóticas que sempre se parecerão com nossa viagem ao leste europeu.
pra você eu me derreto. viro floco de neve pertinho de forno à lenha. cochicho com o vento, me espalho por outras encostas, recordando assim, um ou outro dorso especialíssimo. pra você eu viro chocolate com calda. sou toda bombom e recheio as bordas de nossas tortas vidas com as minhas - com as tuas - guloseimas preferidas. eu sou eu e você é um. e o amor, quando esbarra na gente, é como todo caldo forte. e à parte, tudo nele é nosso. ligeiramente adornado para parecer manso. vivemos cheios das poses dessa gente de corpos exaustos, desejando-nos mais e mais. e se a tão falada farra sobre “incompreensão ou contenção do universo” virar tema de redação, matéria pra vestibular, a gente passa. passa a perna sem malandragem na mentira, na falta de habilidades de uns sem outros, na plasticidade falsa que percebemos na célebre frase “apenas um belo corpo”.
e entre outras tantas descobertas, seremos lembrados assim: eles nunca se cansaram um do outro.
beijo.
[e de qualquer forma, não me espere pra o jantar]
*publicado originalmente no naselva, Julho-2007*
O AMADOR
[até que os fins sejam alcançados ou como não fui capaz de desistir de mim.]
Eis minha sentença todos os dias, por esta sua existência inesgotável...
Eis minha sentença todos os dias, por esta sua existência inesgotável...
Eu esquecera o livro sobre a mesa e jamais voltara para buscá-lo. Que ela enfim, lesse. Todos os versos estavam destinados a ela. Como essa tarde que me trouxe de volta...Esta é a rua. A casa dela é aquela, cujas janelas azuis estão sempre à disposição do vento - escancaradas. Sei que está em casa. Caminharia até lá se meus pés obedecessem. E o que lhe diria?
[o início de um diálogo inútil]
Boa tarde!
Como vem passando? [com um breve toque Machadiano, explorando memória]
Ah, eu estou muito bem!
Sobrevivo como o velho gato sem botas, lembra?
[não há fim para o desconforto das palavras num diálogo assim. Já provou?]
Conversa fiada! Eu nada diria. Nada diria. Deixaria que ela me surpreendesse.E sim, ela abriria a porta com aquele ar de quem fora interrompida: ia salvar o mundo.Sorriria, e então...Eu de novo a seus pés.
[a simple joke or my imagination? Can you help me?!]
Talvez me convidasse para um chá forte. Correria os olhos sobre mim e diria algo sobre meu aparente “olhar cansado”. Como se eu fosse sempre uma sua nova lição...E como ela gostava de aprender pessoas!Apaixonando-se por elas sem medo algum.E se não houvesse nenhum dia seguinte, sempre lhe bastava uma das suas imensas janelas azuis [falemos de alma aqui] escancarada,o seu velho piano de cauda que lhe prestava imensos serviços [deixava-se tocar sem perguntas] e a própria vida, encolhida para ser apenas simples [no curves no memories]. Mentalmente, fiz um mea culpa básico, dei meia volta e segui meu caminho.
[Não percebi(a) antes, essa aparente estrada nova.
Completamente asfaltada
Cheia de pessoas
Sem filas. ]
*publicado originalmente na Diversos Afins, Oitava Leva, Abril-2007*
[Ou]tonalidades
[e há ainda o poeta, esse animal que me habita...atordoado como eu e outros tantos de mim.]
aliciava a sua fome saboreando coisas sem graça como a dor escancarada nos versos alheios. nunca se opunha ao vento e gostava de sussurrar às imensas clareiras de mata alta em volta da casa. era assim o seu retiro: como ele. alí jazia entre livros. com pouca luz, escuro ainda, amanhecia envolto pelas sombras de sua poesia orgulhosa. ignorava qualquer réstia de luz que tentasse invadir aquele platô. sua alma se amontoara pelas estantes e escondera-se em gavetas secretas, cheias das quinquilharias adolescentes que lhe adornaram aquela tal puberdade estranha que invadira o seu espírito muito antes do completo amadurecimento. vivia sonhando com velhos ritos. poesia. transbordamento. mas o tempo foi remodelando essa tolice. desafiava as poucas horas livres entre livros, tentando encontrar um que lhe explicasse - concretamente - o que lhe roubaram ao nascer. perdera certa noção sobre sentir e o insosso senso do ridículo quando apaixonou-se pela prima vez. releu o poema trágico que dedicou à uma mulher mais velha, sem título. ela o sentenciara com Baudelaire, Rilke, Pessoa, Whitman, Keats. Ezra Pound esteve fora de cogitação e ele o odiou até descobrir um poema que era a supremacia da ambiguidade. tudo o que nos pertence ainda está por ser escrito. era o destino sempre deixando a mostra, sua antipática mania de ler amparado por um mítico sentimento de distância. quando a tarde vazou e a noite trouxe-lhe o sossego do chá, sentia-se um espécime medíocre, mas admirado. enfim, um poema seu premiado. faltara-lhe o velho cuidado sobre a sua cota surrada de humanidade, toda aquela ensaiada e displicente emoção com que carregava nas linhas. nada o incomodava mais que tristeza adubada para cerca viva de um poema. nada parecia-lhe mais inverossímil quanto ele mesmo. combinou fetiches com o tempo a fim de preparar seu velho estoque de sorrisos guardados para funerais. uma vez mais, olhou sorrateiro para os livros e livros que nasceram da correria que inventara, da solidão que sempre soube encafifá-lo.
além do farto alforje sem tristezas, seguiu. carregava consigo aquele interessante sentimento desengonçado para com o tal poema premiado.
“Essa é uma tarde
Branca
Branda
E morna.
Até o vento
Tão lá
Tão cá
[volúvel - dizem]
Afeiçoa-se
De cada árvore
Ao fim do dia.
Assim é,
a vida.”
e nada a mais.
* publicado originalmente na Diversos Afins, Décima Leva-Especial de Aniversário, Junho-2007*
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